Marceneiro, você já se perguntou como surgiu a fita de borda?  

Pra entender essa história, precisamos voltar no tempo… 

Na Idade Média, ninguém se preocupava com fita de borda, afinal quem fabricava os móveis para os palácios e para as famílias ricas fazia tudo em madeira maciça – um material duradouro e que produz móveis imponentes. Com o passar dos anos, veio a escassez da madeira e também o aumento do custo de material, e assim surgiu a indústria de compensados.  

Neste contexto, e com o objetivo de otimizar o aproveitamento da matéria-prima, surgiram também as “folhas de madeira”, que passaram a ser usadas para revestir o compensado que era feito com madeira de segunda mão, comercialmente falando. Isso ajudava a reduzir os custos, mas ainda deixava o móvel fino e bem acabado.  

Para entender melhor, imagina só: essa folha de madeira é da espessura de um sulfite e tem vários metros de comprimento. Na marcenaria, eram estocados diversos tipos de madeira em formato de rolo, e assim que o cliente escolhia o tipo de madeira que queria para o seu móvel, o marceneiro tinha que revestir manualmente chapa por chapa. 

Foi aí que surgiu o conceito da fita de borda, afinal, com esse novo jeito de trabalhar, a borda do compensado ficava exposta e o marceneiro precisava cortar uma tirinha da mesma folha de madeira para revestir a borda da peça. Depois de alguns anos, a fórmica, ou melhor, o laminado decorativo chegou para mudar ainda mais o processo de fabricação do móvel. Esse material sintético que podia ser reproduzido em qualquer cor ou padrão mudou o design dos móveis da época, que deixaram de imitar apenas a madeira, mas o marceneiro continuava realizando a aplicação do laminado na chapa e depois retirava uma tirinha para usar como a “fita de borda” em um processo manual e nem sempre muito ágil ou preciso. 

Visando a praticidade da produção, novos materiais, novas ferramentas, novas máquinas e até novos desenhos de móveis surgiram para impulsionar a produtividade. Foi nesse contexto que surgiu o painel de MDF e MDP – são placas que já saem revestidas da fábrica e vieram para facilitar o dia a dia da marcenaria, mas dessa inovação, surgiu outro problema: como o MDF já vinha revestido de fábrica… o que o marceneiro colocaria nas laterais da chapa? 

Finalmente, surge a fita de borda em PVC. Inicialmente, ela circulava no mercado exclusivamente em 0,4 milímetros, visto que os marceneiros já estavam acostumados a trabalhar com materiais mais finos por conta da folha de madeira e fórmica, mas com o surgimento da fita de borda de PVC, que é um material mais versátil, surgiu também a possibilidade de fabricar bordas mais grossas, com 1 ou 2 milímetros. Com fitas mais grossas, o marceneiro consegue bordas mais arredondadas, e assim deixa um móvel feito de MDF ou MDP com uma estética e conforto muito mais próximos de um móvel feito de madeira maciça. 

A crescente importância do acabamento da borda como elemento decorativo está abrindo novas perspectivas para o design, transformando as fitas num expressivo acessório do móvel devido à variedade de medidas e gama de cores, padrões e texturas disponíveis.  

Legal, né? A fita de borda é uma invenção que veio para mudar o mundo da marcenaria!

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